Declarar Emergência Climática Agora



DECLARAR EMERGÊNCIA CLIMÁTICA AGORA

“Eles são como crianças, a brincar com os seus brinquedos numa casa em chamas.” Buddha
Quebrando o Transe, Encontrando Refúgio Juntos.

Por favor notem que esta é “uma fonte aberta de recursos”, não se propõe a ser uma autoridade última ou um mapa de estradas definitivo das questões relacionadas com o clima, das escolhas exatas a fazer daqui para a frente, ou para nomear cada problema. É um apoio para quebrar o transe dentro das comunidades, que por sua vez podem mobilizar para envolver o nível institucional, governamental e corporativo.

Este “Manifesto” fala a partir de uma perspetiva Budista, inspirada por muitas organizações ativistas que estão na lista de Recursos abaixo. Nós reconhecemos que algumas das orientações não vão ao encontro do estilo de vida de toda a gente. A nossa esperança é que as pessoas adaptem aquilo que lhes é oferecido aqui à visão e princípios das suas comunidades, subtraindo ou adicionando o que for necessário.

O nosso foco é encorajar um compromisso colectivo na urgência dos nossos tempos, de modo a que possamos gerar uma onda, um tsunami de consciência e ação que possa quebrar os muros da negação, de forma a promover o nosso novo mundo, que está a nascer através de tantas pessoas e modos de vida diferentes. Toda a gente é convidada para que possamos construir esse momento juntos, enquanto nos apoiamos e juntamos aos já existentes ativistas não violentos e aos movimentos de mudança.

Se adaptarem este documento para se enquadrar na visão da vossa comunidade, mantenham-nos informados. Nós estamos todos num processo de aprendizagem uns com os outros e todos beneficiamos do apoio mútuo, de partilha de informação e estratégias. Ficaremos felizes por receber os vossos contributos na nossa página principal One Earth Sangha site. Este é um forte sinal por agora. Mais tarde iremos destacar várias iniciativas e sinalizá-las, com uma lista de comunidades, encontros e ações envolvidas.

Mais detalhes em ‘Manter Contacto’, no final deste texto.
 Um convite para reunir ‘momentum’ para a Mudança Radical.
Este convite tem como intenção encorajar o compromisso colectivo num desafio tão grande, numa revolução tão profunda, que tudo tem de ser reexaminado, revirado, e reconfigurado. Ele provém também da essência da ética e prática Budista de “Evitar o mal, cultivar o bem e purificar o coração”.
Este é um Apelo à ação fundada na compreensão de que a mente precede tudo e que as ações precisam de ser informadas pelo trabalho espiritual interior para uma sustentabilidade e resultado ótimo.

A intenção central deste documento é inspirar-nos a juntar e passar por uma profunda reflexão e cerimónia sagrada, reconhecermos que nos movemos para um novo mundo, para uma nova realidade catastrófica que precisa de toda a nossa consciência e compromisso coletivo.

Este é um convite a uma conversa que claramente reconhece que o nosso mundo sofreu uma mudança de estado na biosfera da Terra devido a um aquecimento exponencial que produz, regularmente, acontecimentos meteorológicos devastadores, extremos. A Terra está também a passar por um desmembramento ambiental rápido devido à atividade humana. Estamos na sexta extinção em massa e à beira de um circuito de retorno descontrolado que anuncia o colapso da civilização humana.

Em resposta à urgência do nosso tempo, este documento esquematiza, em resumo, um caminho para uma prática e acção vital: Declarar Emergência Climática. Esta ação começa com uma conversa entre as nossas relações e comunidades próximas, movendo-se para fora, pedindo às instituições, empresas e exigindo ao governo. Tomar este caminho supera a negação e o adiamento, enquanto nos empodera para sermos o mais criativos e radicais que possamos ser.

O nosso modelo antigo de alta utilização de carbono, de recursos consumíveis, intensificou o individualismo à custa do todo – e a crença de que a vida vai continuar como nós a conhecemos precisa de ser recalibrada. Para isso, precisamos uns dos outros, precisamos de ser verdadeiros, precisamos de passar por níveis profundos de renunciação, enquanto nos baseamos no Dharma vivo, no espírito vivo da Terra, na compaixão reveladora e no poder da Sangha, a comunidade.

Ainda que a verdade da extinção à nossa frente seja um choque terrível, tem em si o potencial de acelerar o nosso despertar coletivo, dando poder a uma profunda transformação do nosso mundo. Esta Transformação começa dentro de nós. Precisamos de nos conhecer a nós próprios, não só como indivíduos mas como co-criadores dentro de uma rede de vida profundamente dotada de espírito, em que tudo é consciente.

Uma vez que alinhamos com a realidade e com a profunda inteligência da própria consciência, conectamos com o poder espiritual e moral que oferece sabedoria intuitiva, orientação e coragem. É esta coragem que nos permitirá estarmos juntos para proteger a mãe natureza, a avó terra e toda a vida.

Fazer esta transição para a nossa nova realidade, espiritualmente, psicologicamente e em actos práticos ancorados no corpo, liberta-nos para comprometermo-nos com o maior desafio que a humanidade já alguma vez enfrentou.

A enormidade desta tarefa, para a nossa sanidade, saúde e bem-estar, tem de ser enraizada numa escuta cuidada e numa presença incorporada plenamente atenta, enquanto é apoiada por práticas diárias que cuidam do corpo, coração e mente e das nossas relações próximas.

Bem-vindos a viajar nestes vários passos. Estaremos convosco ao longo do caminho.
 

1. Alinhamento com o Sagrado
2. Declarar Emergência Climática: Porquê e as Nossas Exigências
3. Recursos e Como Manter Contacto

 

1. Alinhamento com o Sagrado

Usar Cerimónia Sagrada 
À medida que cada parcela de notícia sobre o colapso climático surge, gera um choque esmagador, dor, e indignação. No entanto, ainda que quase insuportável, este choque está a acordar-nos. Podemos honrar o nosso processo de despertar, criando um espaço sagrado e um processo cerimonial através do qual atravessamos o limiar do nosso velho mundo, e velhos modelos de operar, para um envolvimento consciente com a nossa nova realidade. Testemunhando-nos uns aos outros, podemos fazer um compromisso firme de alinhar as nossas vidas pessoais, fazendo sacrifícios, e juntos, apoiando-nos uns aos outros à medida que reunimos coragem para nos comprometermos. Cada um de nós é necessário, cada oferenda é importante. Há muitas maneiras de podermos contribuir, cada uma de acordo com a sua situação. Alinhados com o poder espiritual e moral, renovando-nos a nós próprios, com determinação e foco, comprometemo-nos a trabalhar para um mundo sustentável.

Standing Rock em Cada Esquina
Standing Rock em Cada Esquina: Sete orientações Lakota-Sioux para Ser-Estar numa Oração Viva & a Arte da Resistência Colectiva

Invocamos o espírito de Standing Rock. O espírito de todos os antepassados que lutaram pela verdade, equidade e liberdade e que encarnam a compaixão e a sabedoria. Invocamos todos os espíritos protetores da Terra, terras, oceanos, rios, florestas, plantas e os elementos. Invocamos todas as forças do bem, através de todos os tempos e direções, que estejam presentes connosco agora e que contribuam com o seu poder, a sua orientação e proteção. Reconhecemos que todos os seres, mesmo aqueles que através da ganância, do ódio e da ilusão destroem e dividem, partilhamos a mesma consciência central.

Nós temos compaixão por todos. Nós rezamos por todos. Nós trabalhamos para as crianças e netos de todos, independentemente de quem sejam. Nós reconhecemos que todos os seres receberam o dom da vida através do poder da Mãe Natureza, Avó Terra e todos têm o direito de estar aqui. Nós humildemente descemos da nossa fixação egóica para alinharmo-nos com o espírito da verdade, sabedoria e compaixão. Pedimos orientação neste tempo mais perigoso. Que o nosso despertar coletivo acelere exponencialmente. Nós juntamo-nos com o propósito focado na recuperação da rede da vida sagrada. Fazemos um voto solene de trabalhar para salvar um mundo sustentável para o futuro.

Ativismo Sagrado: Informar o Ativismo com o Trabalho Interior
Movimentos de mudança duradouros e com êxito como os Direitos Civis nos EUA, Satyagraha na India e Solidariedade na Polónia, foram informados pela não-violência, autoridade moral e prática espiritual. Essencialmente, a nossa crise planetária é uma crise espiritual. Estamos presos numa narrativa e numa realidade que se auto perpetua, fundada na sobrevivência do ego e sua consciência separativa. No entanto, o nosso ponto de viragem evolucionário ecoa no Conhecimento Indígena que compreende que vivemos numa rede de vida e num mundo dotado de espírito, onde o ‘eu’ e o ‘outro’ estão numa relação dinâmica e consequencial. Em essência, estamos a despertar para a intimidade profunda de todas as coisas, onde sabemos diretamente que todos os seres, natureza, Terra e o cosmos são parte de nós próprios. A prática espiritual é o processo de encarnar a realidade da nossa profunda interconexão. Para entrar e viver estas verdades e para nos sustentarmos a nós próprios, precisamos de práticas meditativas, devocionais, orações, modelos coletivos de entrar em espaços de atenção plena de ‘ser’, ‘presença’ e escuta. O Ativismo Sagrado, termo cunhado por Andrew Harvey, casa com o ativismo informado por uma profunda compaixão e sabedoria.

Nós Não Deveríamos Fazer Isto Sozinhos.
Estamos no meio de uma Emergência Planetária. Este é um momento decisivo para a humanidade, um momento de confluência em que tudo depende de como reagimos. A forma como despertamos para esta nova realidade tem um impacto incrível. Sentimos uma profunda tristeza, medo e indignação; um caleidoscópio diário de reações e emoções. Mas não estamos sozinhos. Vamos transformar essa dor em força, clareza e foco, para que juntos possamos enfrentar este imenso desafio.

O condicionamento sistémico, subscrevendo esta nossa crise, o Patriarcado, o Imperialismo Colonial e o Capitalismo, levam-nos a acreditar que devemos lutar para sobreviver como indivíduos, que nos elevamos ou caímos como indivíduos - e que se ‘não o conseguimos’, a culpa é nossa.

O impacto do Capitalismo do Desastre (Doutrina de Choque de Naomi Klein) é a perpetuação da economia de ‘plantação de escravos’ sobre a qual o capitalismo foi construído, fabricando divisões através da raça, classe, etnia e nacionalidade, para os seus próprios fins exploradores.

No entanto, com o colapso climático nós assumimos determinadamente o desígnio de nos libertarmos do encanto do individualismo e da divisão fabricada. Em vez disso, trabalhamos juntos para criar novas formas de estar na Terra que sejam colaborativas, mutuamente fortalecedoras, empáticas e autênticas. Juntos, somos corajosos e superamos o medo de falar, quebrar posições e ser menosprezados. Falamos para cima e para fora. Encorajamo-nos, a nós mesmos e aos outros, a ser conscientes da nossa utilização de carbono, pessoal e comunal. Juntos, nós comprometemo-nos a ficar mais conscientes. Juntos, somos poderosos.

Encontra amigos, familiares, comunidades, que sejam teus aliados
Reserva tempo juntos para falar sobre o que vemos, o que sentimos, o que sabemos.
Reconhece a urgência e enormidade do que enfrentamos.
Testemunha a perda de espécies, ecossistemas, povos e países inteiros.
Cria espaço para compartilhar a nossa dor, medos, indignação, esperanças e planos.
Inscreve um processo de ‘Cerimónia Sagrada’ para assinalar a (tua/ vossa) transição, ao encontro da nova realidade, com consciência, clareza e determinação para fazer o que pudermos.
Cria espaço para celebrar a vida juntos, para cantar e dançar, partilhar comida, habitar o melhor da nossa essência de ser-humano, em conexão e comunidade, para partilhar sucessos e boas notícias e recursos que nos elevam e nos restauram. 

Orienta a tua ação em torno de uma ‘Declaração de Intenção/ Propósito’. Toma esta como exemplo, inspirada por G. Monbiot:

O mundo foi lançado no caos climático, causado pelas empresas de combustíveis fósseis, os bilionários que lucram com elas e os políticos que eles compraram. É hora de confrontar estes oligarcas através da mobilização maciça, da autoridade moral coletiva, atos de desobediência civil não-violenta e de um movimento tão grande e politicamente perigoso que os governos sejam forçados a fechar a economia de combustíveis fósseis e restaurar as condições benignas nas quais os seres humanos e outras espécies possam prosperar. 

Em resumo: Vamos responsabilizar o poder político e corporativo irrestrito. Unimos forças para garantir que o mundo sustentável e equitativo que desejamos seja assegurado. 

O poder dos grupos de suporte
Informação não se traduz necessariamente em mudanças comportamentais. Sabemos o que precisamos fazer, mas nem sempre conseguimos fazê-lo. No entanto, trabalhar em conjunto é muito eficaz. À medida que nos tornamos ativos e empenhadamente comprometidos, criar grupos de suporte é um primeiro passo:
Junta-te a outros para criar um plano de ação, explorando e revendo os detalhes, como fazer, quem abordar, materiais necessários, quem está a fazer o quê.
Enraíza a tua ação no ‘mindfulness’ (atenção plena) e no processo de grupo, onde todos são ouvidos, os sentimentos e experiências são honrados e o feedback é bem-vindo.
Enquanto a escuta respeitosa é apropriada para aqueles com experiência em certos campos, quando a sabedoria e a compaixão são oferecidas, para aqueles que se organizam, assumem riscos e fazem mais trabalho, é essencial evitar a criação de hierarquias de poder e rigidez.
O compromisso prático com uma ação, o trabalho no terreno, requer fluidez, comunicação, abertura e agilidade. A não-violência interna e externa é uma prática espiritual vital.
Quando uma ação terminar, reserva um tempo para reunir/ voltar a estar junto, processar e prestar apoio mútuo. Certifica-te de que esse acompanhamento existe, com os outros e no resultado das vossas ações.
 

2. Declarar a Emergência Climática: Porquê & As Nossas Exigências
À medida que enfrentamos o colapso climático, a urgência intensifica-se diariamente. Não temos tempo a perder e precisamos de governos, assembleias de freguesia e municipais, órgãos regionais, instituições e instrumentos legais do estado, instituições religiosas e educacionais, empresas, sociedade civil, líderes, famílias e cada um de nós para reagir de forma assertiva e rápida para reverter o rápido colapso ambiental.

É tempo de ‘quebrar o feitiço’ da procrastinação, da negação e da negociação, de quebrar o silêncio e dissipar toda a ambiguidade, declarando imediatamente a Emergência Climática, seguida de estratégias, investimentos e mudanças radicais que produzam resultados reais. Temos que montar uma resposta decisiva à nossa emergência planetária. Somente uma exigência nacional e global unida tem o poder de focalizar a intenção e superar a distração, a opressão, o desamparo e a negação. A autoridade moral da ação coletiva tem o potencial de moldar a política dos políticos e direcionar os recursos económicos para evitar maiores colapsos dos ecossistemas e da civilização humana. Nós podemos ser, cada um, parte disso.

Mas apenas se agirmos agora
A realidade da nossa terrível situação é tornada clara no relatório  do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas, publicado em outubro de 2018, por 91 cientistas de 40 países que receberam mais de 6.000 referências e 42.000 publicações especializadas e revistas por pares. O relatório afirma: 
"São necessárias mudanças sem precedentes, se quisermos evitar o colapso climático."

Para evitar a devastação e a provável extinção, é imperativo que permaneçamos abaixo da meta de +1,5°C estabelecida pelo Acordo de Paris. No entanto, de acordo com o documento ‘Nature Climate Change’, de 2017, da Universidade de Washington, temos apenas 1% de hipóteses de alcançar esta meta e apenas 5% de hipótese de manter uma subida de temperatura abaixo dos +2°C.

Esta realidade alarmante, e o seu significado, têm de ser discutidos diariamente nos media
Para estarem motivados para aumentar a pressão política, os cidadãos devem estar cientes da nossa situação dramática. Já estamos a presenciar importantes pontos de viragem: perda maciça de gelo global, aquecimento extremo dos oceanos, declínio dos recifes de coral, inundações, secas, incêndios florestais, colapso de habitats e destruição rápida de vida selvagem, oceânica, insectos e plantas.

Se continuarmos a queimar combustíveis fósseis e a promover o agronegócio industrial animal, até 2030, uma cadeia de graves pontos de rotura começará a mudar radicalmente o mundo tal como o conhecemos, o que significa que poderemos ter uma realidade irreconhecível já em 2040.

Se não agirmos para evitar este desfecho, estaremos a condenar os nossos filhos, os nossos netos, as gerações vindouras, as comunidades marginalizadas e com poucos recursos, cidades e territórios de baixa altitude, ilhas, a maioria das espécies vivas e - mais cedo ou mais tarde - toda a vida na Terra, à fome, ao caos, às migrações catastróficas, à violência e à extinção.

Enfrentar a nossa possível extinção é um imenso choque. No entanto, embora a tendência para o desespero e a resignação seja compreensível, permitir o mergulho no caos e num sofrimento inimaginável é impensável. Em vez disso, juntos, temos o poder não apenas de evitar essa tragédia, mas de construir o mundo sustentável, equitativo e mais belo dos nossos sonhos mais elevados. Comecemos por reduzir o uso de carbono na nossa vida diária, abraçar o próximo e assumir o compromisso de nos unirmos para exigir que governos e instituições declarem a emergência climática.
 
Dizer a verdade é essencial para a mudança
Precisamos que governos e media digam a verdade. Eles devem assumir que enfrentamos uma emergência climática e que é hora de agir. Temos de normalizar um sentimento de urgência, compartilhando factos e promovendo modos de vida radicalmente novos – recorrendo à desobediência civil não violenta, estando presentes nas ruas, conversando e fazendo parte de um movimento internacional em rápido crescimento para impulsionar o governo, indústria e empresas a agir. É essencial que as soluções - que já existem - sejam implementadas imediatamente.

Este é o momento para a ousadia, não para a contenção
Embora nos debatamos contra a nossa própria inércia e interesse próprio - os desafios que consomem tempo e energia para a garantir o sustento, providenciar para a família, cumprir responsabilidades e deveres - a maior ameaça vem daqueles que têm imenso poder, que, na sua extrema crueza, promovem a devastação climática como um meio de se apropriar do máximo de activos possível, saqueando tudo o que resta. Eles sabem o que o futuro nos reserva e, em vez de reverter o ecocídio em massa, disseminam a negação, distorcem os factos, mentem e ludibriam.

impérios petrolíferos como a Exxon-Mobil e entidades como a ‘Koch Industries’ sabem há décadas que os combustíveis fósseis levariam aos terríveis eventos climáticos que já estão a desencadear-se. Em vez de avisos públicos e actos consequentes para prevenir o colapso climático, eles escondem os factos, obstruem a energia verde e financiam campanhas de negacionismo climático enquanto procuram controlar e manipular processos democráticos e informação mediática através do vasto alcance da sua riqueza.
 
Esta profunda traição à própria vida deve ser sancionada como um crime contra a humanidade
Seria uma ingenuidade subestimar o poder daqueles que estão na iminência de destruir o futuro colectivo de toda a vida no planeta em benefício próprio. É por isso que devemos ser ousados e transformar a indignação numa luta unida pelas nossas vidas colectivas. Apesar dos poderes malévolos e maliciosos que agem contra o bem-estar comum, o poder das pessoas, erguendo-se em conjunto, sempre foi mais forte.
 
Reivindicações principais do movimento ‘Extinction Rebellion’ (XR)
Movimentos internacionais como o ‘Youth Climate Strike’, ‘Sunrise Movement’, ‘Idle No More’, ‘Indigenous Climate Action’, ‘Climate Justice Alliance’, representam uma variedade de abordagens que compartilham um objectivo comum. Da mesma forma, as exigências que se seguem, do ‘Extinction Rebellion’ (XR), são um excelente exemplo.
 
1. Os governos devem dizer a verdade sobre o clima e a emergência ecológica mais ampla, reverter políticas inconsistentes e trabalhar em conjunto com os media para informar os cidadãos.
Os governos devem dizer a verdade sobre a gravidade da nossa situação, devem reverter todas as políticas que não se alinham com essa posição e devem trabalhar em conjunto com os media para comunicar a urgência da mudança, incluindo o que indivíduos, comunidades e empresas deverão de fazer.
 
2. Os governos devem adoptar medidas de política juridicamente vinculativas para reduzir as emissões de carbono a zero até 2025 * e reduzir os níveis de consumo.
Boas intenções e directivas não salvam as calotes de gelo. Os governos devem adoptar políticas juridicamente vinculativas para alcançar a neutralidade carbónica até 2025 e adoptar novas medidas para remover o excesso de gases de efeito de estufa atmosféricos. Deverão cooperar internacionalmente para que a economia global não consuma mais do que a metade dos recursos disponíveis em cada ano.
 
3. Assembleias Nacionais de Cidadãos para supervisionar as mudanças, como contributo para a criação de uma democracia que sirva os propósitos reivindicados.
As mudanças essenciais requerem necessariamente iniciativas e mobilização de dimensão e alcance semelhantes às que foram implementadas em tempos de guerra. No entanto, não confiamos que os nossos governos façam as mudanças radicais, rápidas e de longo prazo necessárias para alcançar os objectivos, e não pretendemos dar mais poder aos nossos políticos. Em vez disso, exigimos a criação de Assembleias de Cidadãos para supervisionar as mudanças, à medida que nos erguemos da devastação, criando uma democracia adequada ao propósito.
 
4.** Exigimos uma transição justa que privilegie as pessoas mais vulneráveis e a soberania indígena, estabeleça compensações e mitigações lideradas por e para minorias étnicas, indígenas e comunidades pobres por anos de injustiça ambiental; que sejam estabelecidos direitos legais para que os ecossistemas regenerem e prosperem, reparando os efeitos do ecocídio continuado, para impedir a extinção de humanos e de todas as espécies, a fim de manter um planeta justo e habitável para todos.

* A situação em que estamos exige uma redução radical das emissões de carbono, o que, se feito bruscamente, pode causar um colapso na economia, resultando em enormes perdas humanas (a menos que haja uma mobilização semelhante à que teve lugar durante a Segunda Guerra Mundial e investimentos imediatos e vastos em renováveis). No entanto, não reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em ritmo redobrado também resultará em mortes massivas e provavelmente em extinção. O que quer que aconteça, será um desafio enorme para todos. Não há um caminho fácil a seguir. Este não é um documento que exponha soluções detalhadas, mas sim uma chamada urgente à acção, com o entendimento de que, como governos, sociedade civil, empresas ou indivíduos, participando proactivamente, faremos parte da solução e activaremos um ímpeto imparável.

** A quarta reivindicação teve origem no grupo norte-americano do movimento XR e é aplicável a países e povos que sofreram colonialismo, esclavagismo, e a todos os ecossistemas saqueados e animais e espécies ameaçados.
 
Mais detalhes sobre as exigências 1 e 2: The Climate Mobilization, Beyond Zero Emissions, Rapid Transition Alliance, Green  New Deal Group, One Million Climate Jobs and  The Breakthrough Institute.
Exigência 3: The Sortition Foundation.

O que precisa de acontecer para garantirmos o Futuro
De acordo com o resumo do Relatório do IPCC, temos que reduzir as nossas emissões para limitar o aquecimento global a +1,5°C – o que significa, segundo a Scientific American, reduzir 50% até 2030 e 100% (redução total, teto zero de emissões) até 2050. A taxa a que as nações precisariam de reduzir as suas emissões, para alcançar essas metas, torna-se mais íngreme e menos atingível. A cada ano, as emissões continuam a aumentar. Isto significa, de acordo com um relatório separado da ONU sobre o “gap de emissões” que, se as ações de redução não forem reforçadas até 2030, a meta de +1,5°C ficará fora do nosso alcance. Isto sugere que os compromissos de Paris precisam de ser triplicados para atingir a meta de +2°C e aumentar cinco vezes para atingir a meta de +1,5 °C.
É importante entender que com +2°C o mundo muda radicalmente.
Alguns pontos abaixo são informados pelo XR - Extinction Rebellion:
Transformar sistemas de energia, investir em energias renováveis ​​e eliminar combustíveis fósseis.*
Aumentar o isolamento em edifícios. Mudar para materiais de construção verdes.
Transformar sistemas agrícolas reduzindo carne e laticínios e erosão do solo superficial. Investir na agricultura, educação e alimentação local baseadas em plantas. Terminar com as propriedades industriais.**
➢Aumentar radicalmente a cobertura de árvores e produtos à base de cânhamo para absorver o CO2 e o metano.
Investir nos transportes públicos, estradas de alta velocidade, cortar viagens aéreas através de uma taxa de passageiro frequente.
Os países, particularmente aqueles cuja riqueza é proveniente da extração colonial, investirem em outros países para desenvolver tecnologias limpas.
Introduzir progressivamente impostos de carbono para corporações e multas de impacto para a poluição.
Transferir os subsídios do governo da indústria petrolífera e das propriedades de criação de animais para a energia renovável e para a agricultura local baseada em plantas.
Desafiar a militarização e acabar com a poluição militar maciça, provocando o colapso do clima e dos sistemas. Prestação de contas, a partir de assembleia de pessoas, para o setor de indústria de guerra.*** 

*Um nota sobre Energia Nuclear:
Estamos no meio de uma revolução energética que está a reconfigurar a nossa relação com a natureza muito rapidamente. Como o nosso desafio imediato é a transição da energia de alta produção de carbono, há um argumento de que o nuclear é o caminho a seguir. No entanto, precisamos estar conscientes de que a energia nuclear representa uma força ameaçadora que tem um impacto venenoso e afeta muitas gerações.

A divisão do átomo, um momento de Prometheus, anunciava uma era petrificante de destruição em massa viável que ofuscou o planeta desde então. Chernobyl e Fukushima são avisos de nossa incapacidade de controlar a energia nuclear, (aqui). À medida que reinventamos e regeneramos a nossa relação com o mundo natural e as nossas necessidades de energia, temos a possibilidade de reavaliar a nossa lealdade à energia nuclear, exigindo ao mesmo tempo uma proibição global de armas nucleares.
 
Do Serviço de Informação sobre Energia Nuclear. Você não pode eliminar o aquecimento Global.
 
**Uma nota sobre Agricultura Vegetal & Dieta
A agricultura animal é indiscutivelmente a indústria mais destrutiva que o planeta enfrenta atualmente, em termos de mudanças climáticas, desmatamento, uso da água, extinção de espécies, resíduos, saúde dos oceanos e uso da terra (ref). E a dura realidade é que o propósito da agricultura animal em qualquer forma (seja propriedades industriais ou propriedades "felizes") é encarcerar, roubar e matar seres sensíveis numa prática de violência em massa que é perfeitamente aceitável para a maioria da sociedade.

A nossa atual crise climática exige que examinemos cada aspeto da nossa vida pela lente de como é que as nossas escolhas, individuais e coletivas, contribuem para acelerar ou desacelerar o colapso climático. Como praticantes da Dharma, também somos desafiados a olhar através da lente de como nossas escolhas se alinham com os valores centrais de ‘não prejudicar’ e ‘dizer a verdade’. Este documento não propõe soluções específicas, mas honra e celebra que cada indivíduo e comunidade tenham o seu próprio caminho criativo e necessidades específicas em relação às muitas soluções, ações e escolhas disponíveis para avançar.

Dito isto, a nossa intenção é que parte desse trabalho, individual e coletivo, inclua uma visão honesta da nossa relação com o consumo de animais e seus produtos; que faça as perguntas difíceis sobre se essa prática ainda é sustentável, considerando o que sabemos sobre ciência; e ainda eticamente viável, dado o que sabemos sobre o dano e a morte que causamos a milhões (algumas estimativas dizem bilhões) de animais, terrestres e marinhos, todos os dias. Este ponto de crise oferece-nos uma oportunidade de reavaliar as nossas práticas atuais, para ver se elas são consonantes ou dissonantes com um mundo que se deve mobilizar contra o colapso climático e no qual a violência, sob todas as formas, deve ser enfrentada e curada – se quisermos sobreviver. 
 
***Uma nota sobre as forças armadas que conduzem o aquecimento global e o colapso dos sistemas
O Pentágono é o maior consumidor institucional de produtos petrolíferos e energia – e está entre os maiores poluidores do mundo. A busca de guerras imperialistas financia a extração de petróleo de países invadidos e deixa um legado colossal e maligno de poluição química intratável, como urânio empobrecido, pesticidas, desfolhantes como o Agente Laranja, combustível para aviação e petróleo, em todo o mundo. Só a ação militar ‘per si’ resultou em 90% de desertificação no Iraque.

A energia usada por militares inchados, que também perpetua a indústria do armamento com efeitos catastróficos, supera o petróleo usado por muitos países. A libertação de 20.000 toneladas de “stressores” ambientais, incluindo metais pesados ​​e explosivos, em águas costeiras do Noroeste Pacífico dos EUA, em 2017 e diante, pela Marinha dos EUA, destrói ainda mais um ecossistema já frágil, replicando um padrão de destruição ambiental maciça ao redor do mundo.

Os impactos invisíveis da guerra geralmente não são discutidos nos meios convencionais, mas é importante aumentar a consciencialização, pois a consciencialização é a principal instigadora da transformação. Também é essencial determinar a causa de tal agressão massiva à mente humana. Nós somos a crise, mas também somos a solução. Muitos dos que aderem à via militar tornam-se defensores da paz, como os milhares de veteranos americanos que viajaram para Standing Rock para pedir perdão aos povos nativos pelas ações do passado – e para se unirem à resistência não-violenta em proteção do rio Missouri. Mni Wiconi: Água é vida.

Abordagem
Quando abordarem pessoas ou instituições para se comprometerem com a Declaração de Emergência Climática, será eficaz começarem por dizer quem são e expressarem o terror que sentem pelo colapso climático e pela desagregação dos sistemas ambientais. Sejam pessoais e autênticos. Falem do coração. Juntem-se uns com os outros para defender o caso. Apresentem os factos. Se tiverem alguma afinidade ou capacidade (religiosa, negócios, política, conexão geográfica, nacional, identidade) contextualizem a vossa abordagem com a vossa visão comum do mundo.

Tenham em mente que nenhum de nós é especialista no que toca a viver durante a ‘6ª Extinção em Massa’ e no Antropoceno. Nós não nos estamos a apresentar como especialistas, mas cidadãos alarmados pela emergência planetária, simultaneamente apaixonados por concretizar as mudanças de que precisamos urgentemente. Estamos focados, em primeiro lugar, em influenciar o poder político e democratizar e capacitar assembleias de cidadãos, que possam atuar pelo melhor interesse do coletivo e da natureza. 
Estamos a pedir aos Governos para se mobilizarem à escala da 2ª Guerra Mundial.
 
Eles têm de agir e legislar para a sobrevivência de todos. Ver Climate Mobilization.
 
Conhecemos os factos. Temos a tecnologia. Precisamos da vontade política.
 
 
3.Recursos
Inspiradores do Movimento
Heading for Extinction - Gail Bradbrook, fundador de Extinction Rebellion UK
Interview with Native American Pennie Opal Plant, KPFA Espetáculo Ativista Visionário
Greta Thunberg, Youth Activist from Sweden, fala no Fórum Mundial Económico
Direct Action Everywhere Parar a violência nos animais, co-fundador Wayne Hsiung 
 
Declarações de emergência climática estão já a acontecer.
Cidades, Concelhos que já Declararam a Emergência Climática

Como referência a Declarações de Emergência Climática, foi feita em 550 concelhos que cobrem mais de 65 milhões de cidadãos de UK, Ireland, Switzerland, Australia, Canada, the USA, Cities like London, Los Angeles, Vancouver, Bristol, Sheffield, Cambridge, Edinburgh, Oxford, Oakland, e Berkeley também declararam.

Sites Climáticos Principais - DEC
Get your Council to Declare

Exemplos

Como Passar a Emergência Climática para o Corpo Político
Stroud District Council (Gloucestershire UK) - Implementation of Climate Change Motion 

Também
People and Planet UK: Campanha de Estudantes Para Mudança Climática, direitos dos trabalhadores e migrantes
BBC Tell the Truth - Climate Breakdown

Alimentação Consciente
Food is Power: As suas escolhas de alimentação podem mudar o mundo
Badass Vegan: Podes ser cool e vegan
Happy Cow: Comer fora vegan
Vegan Challenge+ pack iniciação ao vegan+ outras grandes fontes
 
Os Governos precisam de Apelar a uma Mobilização Climática à Escala da II Guerra Mundial.
Os Governos precisam de agir e legislar por todos, não só para grupos de interesse especiais, a elite e a classe bilionária.

Climate Mobilization - trabalha com Extinction Rebellion para mobilizar a uma escala massiva.

 
4. Manter Contacto
Nós podemos (e já estamos) a fazer isto. Mas será mais poderoso se todos o fizermos.

Inscrever: dcen@sacredmountainsangha.org

Juntem-se!
Onde? Onde estiverem. Organiza um evento com a família, amigos, sangha, na vossa casa ou noutra casa perto, ou na sala da comunidade, ou em outra que seja acessível. Encontra um tempo na tua comunidade.

O que fazer? Segue os passos deste documento (uma versão curta estará disponível em breve),. Explora o que a Declaração de Emergência Climática significa para ti, os teus amigos, família, comunidade.

Uma oportunidade para partilhar Esta é uma óptima oportunidade para cozinhar uma refeição vegan e para fortalecer os laços entre a comunidade, o que é vital para os tempos que se seguem.

Logo partilhar Façam um pequeno vídeo e enviem-nos. Eles serão publicados na nossa página One Earth Sangha para criar dinâmica, apoio e inspiração.
 

Nós somos a Mudança.
Nós somos o Poder. Nós somos a Natureza.
Nós Somos o Sistema Imunitário da Terra a emergir.


DECLARE CLIMATE EMERGENCY NOW
Compilado por Thanissara Mary Weinberg, Ministra Budista da ‘Sacred Mountain Sangha’, autora de Time to Stand Up: An Engaged Buddhist Manifesto for Our Earth.
Com agradecimentos aos contribuidores de input, feedback e edição de: Joanna Macy, Richard Heinberg – Post Carbon Institute, Jan Boudart – Nuclear Energy Information Service, Charity Kahn & Anita Kline – San Francisco Insight, Mark Ovland – Actions & Logistics for XR UK, Joanna Graham – Green Party UK, Gwen Gordon – Project InsideOut, Sebene Selassie – Sacred Mountain Sangha, Kittisaro – Sacred Mountain Sangha. Yong Oh – Sacred Mountain Sangha. Gayle Markow.
Uma iniciativa de  Sacred Mountain Sangha, em colaboração com ‘One Earth Sangha’.
Equipa de trabalho DCEN: Thanissara, Anita Kline, Charity Kahn, Kitty Costello, Kristen Barker.

 

DECLARAR EMERGÊNCIA CLIMÁTICA AGORA

Iniciativa de tradução para português no âmbito do EARTHfest’2019/ Meditação Guiada com Isabel Correia, em Intenção de Gratidão à Terra e tendo como objetivo a sua disponibilização e larga circulação na Greve Climática Estudantil de 24 de maio de 2019 e diante.

Tradutores: Isabel Correia (UPAYA Ambiente), Rita Fouto (FAREDUCA), Álvaro Fonseca, Alexandra Silva (K-Evolution) e Alexandre Seguro.
A distribuir largamente por todos os canais e meios.


Nota final (pela equipa de tradução):

Compilamos esta tradução com uma profunda gratidão, confirmando que quanto mais se dá, mais se recebe. Nós demos o nosso tempo e atenção plena a este trabalho/ tarefa – e ele recompensou-nos com a alegria da ação, da união, do propósito/ missão e da pertença, honrando um documento e iniciativa de extrema relevância e sabedoria, de uma enorme vitalidade e amor. Que a mensagem nele contida se espalhe como as sementes ao vento. E que nos traga o amanhã que sonhamos, ainda a tempo de haver hoje.

Isabel Correia
Rita Fouto
Álvaro Fonseca
Alexandra Silva
Alexandre Seguro

 

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